sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ROBERTO DA MATTA ANALISA O TRÂNSITO NO BRASIL


ROBERTO DA MATTA ANALISA O TRÂNSITO NO BRASIL

Em livro, antropólogo mostra que o comportamento do brasileiro no trânsito reflete sua relação histórica e cultural com o espaço público.

O trânsito no Brasil é considerado caótico, com uma alta carga de agressividade e violação das leis que causam um grande número de acidentes e mortes.  À parte a responsabilidade do Estado pela manutenção de ruas e estradas, essa tragédia sobre rodas pode ser atribuída principalmente à cultura do brasileiro em dispor do espaço público como seu e de mais ninguém. “Fechar”, “furar” e “dar um balão” são as versões do popular “jeitinho brasileiro” usadas por motoristas no dia a dia. O estudo da dinâmica do sistema de trânsito no país deu origem ao ensaio inédito Fé em Deus e pé na tabua – ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil, do antropólogo Roberto Da Matta.

Para o autor, o automóvel é visto e usado pelo brasileiro como instrumento de poder, dominação e divisão social, revelando o conceito do “sabe com quem está falando?”, prática comum no Brasil de formação escravagista e aristocrática. Diferentemente do que ocorre em países e culturas onde o espaço público é visto pelos cidadãos como pertencente a todos e, por isso mesmo, respeitado naturalmente, o espaço de convivência no Brasil é usado de diferentes formas, dependendo da classe social.  É a cultura da casa – onde reside o personalismo, a leniência e um sentido de autoridade – levada para a rua, explica o antropólogo, autor de importantes estudos sobre a cultura brasileira como A casa e a rua e carnavais, malandros e heróis, entre outros.

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